sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Meus Sonhos: a minha realidade

Acordei. Abri a janela. Vi o Sol. Tudo isso aconteceu como havia tempos não acontecia. Senti-me vivo, alegre, entusiasmado... e, acima de tudo, com o sentimento de realização. Há quanto tempo, afinal, não acordava tão cedo pra... fazer nada! Tomei um bom café da manhã, como também havia esparças lembranças da última vez. Li. Nossa! Fui à estante de livros e, livre e desimpedido (essas são mesmo as palavras que mais se adequam às minhas sensações naquele momento), dei-me o requinte de escolher o que queria ler naquela manhã. Quis ler sobre História. Achava que deveria conhecer mais, intelectualizar-me mais... reviver!

Assim começou esta manhã, que, por mais que tenha sido real, confunde-se com metáforas. Posso descrever a vida, o Sol, a janela que me levou o olhar ao lado de fora - à vida - como a literalidade de um dia que representou o ponto fotográfico ideal de sobre a ponte que me leva ao lugar almejado. Mas, talvez com maior precisão do que o que os olhos definitivamente viram, isso descreve o que acontece dentro de mim.

Acordei. Abri a janela. Vi o Sol. Ponderei viver. Decidi ver o Sol que brilha do lado de fora. Revolvi fugir dos recôncavos que me escondiam das minhas prórprias dores. Por um considerável tempo, refugiei-me na escuridão da minha mente: ideias envelhecidas, experiências já deterioradas pelas traças das tribulações, sentimentos amedrontados... Desejei viver. Renovar ideias, ter algo novo pra contar e, especialmente, ter vida pra sentir. A imagem da dona dos meus olhos, sobre a qual pus os movimentos que a minha memória guardara nítidos de dias de realismo, serviu-me de porta-retrato e inspiração.

Um breve prelúdio sob as silenciosas horas noturnas encarregou-se de gerar o brilho que raiaria logo cedo. Pode-se falar de idealizações; aquelas que desfiamos antes de derradeiramente adormecer... mas, ao mesmo tempo - ou talvez intrinsecamente -, de uma correnteza que, suave, carrega-me sutilmente para o lugar dos sonhos. Ainda me é translúcido se os sonhos me geram vida ou se a vida me gera sonhos. A única certeza é a de que ao toque de cada minuto - o monótono som do ponteiro dos segundos, gritantes pelo silêncio do quarto, já se tornara parte do compasso de cada pensamento que viajava à velocidade da explosão do coração - aquela voz tão doce, cujas perfeitas palavras ecoava viva em minha recente memória, movia sonhos e idealizações.

Sinto-me bem. Sinto-me vivo. Sinto-me completo. Sinto-me realizado. Simplesmente por percorrer um caminho que traz de volta a vida. Ainda sinto falta do toque suave das mãos que me acariciam a alma. Ainda anseio o abraço que me envolve as razões. E pego-me paralisado diante de letras eufóricas e grafias ansiosas; descubro-me anestesiado por cada doce declaração, enquanto dentro de mim, um reboliço sem fim. Mas as janelas abertas me permitem ver o Sol a brilhar intensamente ao horizonte. E sonho. E planejo. E descubro. E desejo. Ao menos até que a viração do dia me leve de volta aos sonhos...

Então, fecho a janela sob a cantaria das estrelas e adormeço, para sonhar com a imagem que, pequenina em minha frente, rega novos pensamentos e sonhos. Durmo para sonhar, apesar de não requerer a inconsciência, porquanto na minha mais clara racionalidade, planejo. Teimo em manter-me acordado, pensando, relembrando e sentindo, mas, assim, adormeço... E sonho. Mas vou-me com a marca de que nesse dia, acordei, abri as janelas, vi o Sol e percebi que tudo é real.