sexta-feira, 23 de março de 2012

Breves eternas declarações


Já não procedo a um pensamento sem, ao menos, ouvir ao fundo sua voz ecoar. Ainda que eu percorra a maior das distâncias, sua doçura se revela na imagem do seu rostinho ao meu lado. Definitivamente, você é parte inseparável de mim. Atesto isso quando percebo o pronunciar do seu nome em cada recôncavo de mim, ecoado pelas batidas do meu coração.

Um sorriso é incontido quando vejo seus olhos ou ouço a sua voz, a despeito da sensibilidade negada pela dureza do orgulho que só clama por você. Não adianta. Tentar fugir da sua voz ou do seu olhar é em vão, porquanto as paredes das minhas lembranças estão cheias de quadros seus. 

Longe do seu abraço há frio. Não simplesmente pela ausência do toque que acalenta, mas pela ausência de sua alma, que se entrelaça à minha e nos envolve como labaredas, numa dimensão que só pode ser interpretada pelo nosso coração. Nesse lugar, o silêncio é a mais precisa das falas – quando os nossos corações propriamente decodificam a nossa tão única linguagem. A razão apenas anestesia-se com uma profundidade que nem ela mesma pode compreender. 

Incomparável é a forma como você adorna cada cômodo de um lugar que tempos atrás mantinha a cor da poeira em seu chão e um cheiro embolorado em suas paredes. Hoje, seu cheiro. A marca de sua presença em cada parte de mim. Em cada andar, em cada quarto. Sou seu. Completamente seu.

Em meu sono você está presente. Pensar em você e lembrar cada gesto do seu jeitinho que tanto me encanta é sentir seu toque em meu rosto. De olhos fechados, vejo seu sorriso. Minhas memórias capturam e tocam o melhor sorriso seu. O adormecer é um sonho. Um sonho que me faz viver o sonho de ter você comigo em meu aconchego.

Nem mesmo a ausência tira você de perto de mim. Você habita em meu coração. As chaves são suas. Todas elas. Ele é sua morada perpetuamente. E, em mim, você nele descansa. Isto é, quando não faz um reboliço na mais ajustada das minhas posições. Como pode um gesto tão singelo, tão doce causar um tremor tão forte em mim?  

Esperança resgatada em letras borradas manuscritas num papel amassado encontrado por você debaixo do tapete das minhas emoções. Essa é você – aquela que tão cuidadosamente desamassou esse pedaço de papel já escurecido pelo tempo, leu, sorriu graciosamente e me devolveu, colocando-o em minhas mãos, fechando-as com as suas sobre as minhas e segurando-as, protegendo junto comigo o que havia de tão importante guardado dentro delas. Seu olhar gerou em mim a segurança de que aquela palavra foi restaurada em minha vida. Por você.