quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O amor e o tempo

I

O tempo é relativo. Por ser infinito, perde-se em sua relatividade. Em nossos sentidos físicos mais superficiais, contamo-no. Um segundo é apenas um segundo. Matematicamente, entretando, um segundo é ilimitado, a partir da proposição de que há centésimos, milésimos, milionésimos e outros infindáveis zeros acrescentados a um tempo que nos custa um erguer de mãos.

Um pensamento pode roubar-nos o tempo. Alguns deles nos capturam de tal maneira que surpreendem-nos o fato de termos passado tanto tempo ermos onde fisicamente estamos quando para nós mesmos pareceu apenas alguns poucos segundos. E assim definimos como apressado ou lento um tempo que é contado sob uma física precisa. Dentro de nós, ele é completamente relativo.

O amor é algo que nos tira todos os conceitos de tempo. Dá-nos novos. As infinitas horas que teimam em não chegar e a brevidade que furta os nossos mais preciosos momentos perto da pessoa amada podem representar bem essa inversão. Ou mesmo um flash, um olhar de segundos que se tornam eternidade em nossa memória. Um sorriso... Aquele sorriso! Uma imagem tão rápida que precisa ser paralisada ou relembrada em slow motion simplesmente pelo deleite de vê-la ininterruptamente em nossa lembrança, diretamente do nosso arquivo do amor. E aí o que duraria dois segundos ganhou o status de infinito.

Então, quedo-me em um questionamento: É o amor que constrói o tempo ou o tempo que constrói o amor?

Dizem que é preciso tempo para amar alguém. Ouso perscrutar dois conceitos: paixão e amor - pois são diferentes. 

Paixão não manifesta critérios. Simplesmente acontece, teimando contra todas as nossas convicções (Apesar de acreditar que essas mesmas razões são capazes de combater um semtimento inconsequente. Mas, ainda assim, se precisa ser combatida, é porque chegou.) e quebrando algumas barreiras. Ou todas, se assim prmitirmos. A paixão é inconstante, extremista. Por assim ser, visita picos de efemeridade. É sasonal, passageira.

Seria, então, o amor uma paixão amadurecida? Isso seria uma paixão habituada. O desconhecido sentimento de início passa a ser processado, concebido e presente, mas algumas vezes sem um fundamento maior. Amor é uma decisão, baseada em princípios, em convicções. É a decisão de fazer feliz a pessoa amada, de passar todos os dias de vida com aquela pessoa. É saber de porquês. O amor é linear, equilibrado. A decisão de amar molda a paixão, alinhando-a e tornando-a o melhor dos sentimentos a ser desfruado por um casal. O foco da decisão de amar tira o egoísmo da paixão, mas mantém a chama do prazer acesa; garante a constância e a harmonia mesmo nos dias de diferenças emocionais.
Refletir sobre isso me leva à conclusão óbvia de que, se posso decidir amar hoje, o amor não depende do tempo. O tempo pode passar em sua soberania, levar gerações, transformar eras e uma decisão não ter sido tomada. Terá sido em vão. Nada sólido terá sido construído ao longo do... tempo. Sem amor, destarte, o tempo é limitado. É incerto. Por outro lado, se há amor, o "até que a morte os separe" será edificado sobre sólidos alicerces. Todo o tempo, o presente e o vindouro, dependerão do amor e de suas construções.

Não é o amor que depende do tempo; é o tempo que depende do amor. Porque é o amor que constrói o tempo; não o tempo que constrói o amor.

______________

II 

Um mês. Trinta dias mensuráveis num calendário, no entanto fora de todos os padrões e de toda a lógica numérica quando penso em você, meu amor. O tempo com você parece infinito, incalculável. Basta-me pensar no seu sorriso que me toma e o tempo para. Vê-la sorrir me satisfaz, porque em meu íntimo sinto a reflexiva sensação de realização por fazê-la feliz. O seu carinho, a sua atenção e o seu cuidado extraem de mim a agitação do tempo. Infundem a serenidade. Acalmo-me com sua voz; mas sempre conto as horas para ouvi-la novamente.

Um mês. Tanta intensidade. Vida. O amor tem construído o nosso tempo. Temos a virtude da eternidade. Ela faz parte da essência de Deus e Ele próprio nos aliançou, quando ainda sequer nos conhecíamos. "É como se nossos espíritos já se conhecessem há anos".  Vi em você a escolha dEle para mim - como pude ignorar por tanto tempo o conceito de "alma gêmea? (risos) - e não receei em aceitá-la como minha. Minha mulher. Poderia repetir isso inumeradamente tão-somente pela vaidade de ter você, Juliene Raposo, como minha esposa. Sim, minha esposa. Assim o amor constriuiu o tempo. Você tem toda a beleza que cativa meu coração. Incrivelmente tem posse de todas as chaves que abrem o mais íntimo de mim.

Um mês. Sou muito feliz ao seu lado... E também creio, assim como você, meu amor, que nosso melhores momentos estão por vir. A lógica - a lógica que cala o tempo - não me permite pensar diferente. Submissos àquEle que é dono dos tempos, com quem aprendemos o que é amor e por Quem o temos construído, apenas espero o tempo de sermos um e podermos provar do ilimite do que Deus nos define, para que tenhamos uma noção e certa compreensão, como 'melhor da terra'. 

Amo você... E o tempo reverencia.




terça-feira, 15 de novembro de 2011

Lembranças...

As palavras passeiam diante de meus olhos; algumas capturo. O refulgir de sua essência em minhas mãos a cuidadosamente segurá-las ilumina em minha memória um momento infinito. Interminável pela suave e incessante repetição de cada doce minuto reprisado e pelos sentimentos que me enchem enquanto me permito o deleite de pronunciar o nome dela ao fundo de cada memória. Uma voz sem ecos, pois não há barreiras que a traga de volta. Cada tom que emito a cada suspiro compõe uma canção que meu coração remete a ela. E só seu coração pode ouvir essa melodia.
Deixo ir e voltar ao vôo a palavra que me levou a outra dimensão. Enquanto ainda anestesiado pelo nome que se apropriou graciosamente de todo o meu interior – de todo de mim, em precisão, quando pondero que meu toque, meus beijos e meus olhares também são dela –, outra imagem paira diante de meus olhos. Seu sorriso. Ele me para. Esforço-me para aperfeiçoar cada sentido meu, ainda que por alguns breves segundos, a fim de capturar com todos os detalhes aquele mágico e impagável momento. Por vezes, aposto no ridículo, ou no inocente, com a paga de vê-la sorrir. Tão-somente por isso. Porque seu sorriso me realiza; porque amo certificar seu coração preenchido, mesmo com tantos limites meus.
Limites. Busco em mim mesmo uma superação. De fato, o vôo que ela me leva a voar faz-me sentir sem limites, mas os percebo novamente quando repito, na expectativa de que vai ser inédito, o que todo o meu interior em coro não se cansa de cantarolar. A despeito disso, cada vez que deixo fluir pela minha boca o precioso corolário dos meus sentimentos, o Eu te amo, amor, apesar de que com os mesmos fonemas, tem um valor renovado em sua inspiração para dizer. É como se falasse em um idioma diferente, com uma força diferente. Descobri, assim, um novo ofício em mim, o de neologista, pois nunca dantes tinha me apercebido que um número milhar é tão escasso para manifestar a precisão e a intensidade do quanto eu a amo. Preciso de novas palavras, de novas línguas.
De volta ao ambiente em que estou, dou-me conta de que a atmosfera sorri ternamente ao me trazer cada lembrança, enquanto o vento diligentemente se encarrega de trazer o cheiro dela; as marcas na terra até o banco onde me assentei lembram-me que há um abraço que me envolve, sereno e amável, enquanto sonho acordado com a dona desse doce abraço que me tomou completamente para si. Para o sempre.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O fim de uma caminhada

... em uma estrada cujo horizonte era o limite. A observar, a sentir, a apreender. A introspecção fez do eco interior o maior conselheiro. Quantas vezes ouvia apenas o som das folhas revoando ao meu redor. Tantas vezes sentia a presença somente do vento, a me abraçar e a tentar me fazer compreender uma canção que assobiava em meus ouvidos.


Atrás de mim, as pegadas de uma história já não tão visíveis. Apagas, a tirar todo o eufemismo. Foi um considerável tempo até o ponto em que o horizonte parecia ter sido alcançado. O mesmo vento que me acolheu soprou do chão todas as antigas marcas. O que se via a partir de então eram os passos que se dirigiam, sem que eu percebesse, a um lugar que me esperava. Eu não sabia.


Identifiquei, ao longe, um banco. Lá havia alguém...










** Este breve texto marca, definitivamente, o fim de uma era neste blog. Agradeço aos que incentivaram, pela leitura ou pelas opiniões; aos que republicaram, divulgaram; aos que foram sobremaneira carinhosos e pacientes. "Agora, o Andarilho achou um banco e lá se assentará". (Publicação Original: 27/10/11, às 07:46)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Um lugar chamado lembrança

Procuro meu reduto, pois lá encontrarei os pedaços rasgados do papel que eu lentamente deixava escapar das minhas mãos e se espalhavam pelo chão com o silencioso vento que cumpria sua rotina. Sim, precisava recapturar as memórias que, pedaço por pedaço, me trariam de volta a minha razão de pensar.

Meus pensamentos me levaram para longe, mas me carregaram consigo. E todos os sentimentos. Enquanto isso, alguns pedaços daquela folha marcada por escritos à caneta eram carregados para longe, pelo sopro que vinha da janela ou talvez pelas defesas do meu coração. Seria uma história, portanto, que, mesmo refeita, não mais seria completa, já que os desaparecidos fragmentos eram os que guardavam as grafias em negrito.

Em meus voos pelo inalcançável, refleti sobre liberdade. Quantas vezes desejei sumir ou, no mínimo, ir para um lugar onde nenhuma lembrança ou quaisquer vozes poderiam me achar. Um lugar sem mutualismos; com uma paisagem diferente da que servia de plano de fundo para meus contos, conforme se constutia na imaginação de quem lia aqueles manuscritos. Envelhecidos de tanto serem dobrados, lidos e redobrados, mas ainda perfeitamente legíveis. Desejava mudar todo o meu exterior, com molduras novas e uma pintura diferente ao redor.

Ponderei em tom definitivo que, tendo rasgado aquele papel e me escondido num lugar profundamente meu, eu estaria livre. No entanto, esqueci-me por alguns instantes de que eu mesmo havia usado aquela caneta para, em tempos constantes - levando em conta a intensidade do que precisava descrever nas linhas do meu coração -, anotar o que, olhos fora do papel, ecoaria em minha memória, latejando a cada pulsar.

Minhas pupilas se contrairam, como processo inverso ao que ocorre quando nos perdemos em pensamentos. Sim, eu estava de volta. Um forte suspiro e os olhos percorreram lentamente cada recôncavo daquele lugar. O vento, sob um céu nublado e monocromático - assim captava meu olhar a buscar um tom diferente pela janela -, percorria indiferente os lugares que o olhar não concebia; não acalentava como outrora; não trazia uma canção como um dia foi; apenas cumpria seu papel, silencioso, impessoal.

Obervar espalhados os pedaços de uma história, escrita e guardada por mim, agora rasgada de forma que nem uma só frase sequer faz sentido - porquanto não se completa em sua inteira ideia até que o quebra-cabeça daqueles fragmentos seja minuciosamente refeito -, traz-me definitivamente de volta ao meu mundo.

Frustrado, ao reclinar minha cabeça e ajustar o foco dos meus olhos sobre meu colo, percebi o caderno com a folha de baixo da arrancada limpa. Eu poderia escrever uma nova história. No entanto, quando aproximei os olhos da folha vazia e alva, a ponto de escrever a primeira letra que inauguraria um novo tempo, percebi em baixo-relevo a marca das letras escritas na página de cima. Eu a havia arrancado, rasgado em pedaços espalhados, mas marcas do que havia construído - ou escrito - permaneceriam por algum tempo. Folheei para a próxima página e continuei a ver aquela história gravada, ainda que sem tinta, a ressair da superfície natural daquela folha. Mudei para a seguinte... e ainda via. Com menos força, mas ainda via.

Dei-me conta de que, como não poderia arrancar as páginas não escritas da minha vida, teria de conviver com as lembranças de uma passada, mas não esquecida, vivência. Foi quando me apercebi de que minhas emoções nunca me abandonaram. Eram as mesmas ali e pra onde eu fosse. Minha liberdade tratava-se de um conceito ou um estado interior. Independentemente do longínquo lugar para onde fosse, as palavras que escrevi continuariam, pelo menos por um tempo, a ser narradas dentro do meu coração.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A estrada

... quando, por um suspiro, as palavras debruçam-se a admirar, esquecendo-se do seu papel de descrever. Decidiram por apenas sentir, tocar uma essência, ao invés de carregar as suas próprias. A beleza que os olhos não conseguiam enxergar, mas o coração entendia perfeitamente, anestesiou um processo natural de manifestar. Apenas a mente, em um esforço para também não sucumbir ao coração, manteve-se em lucidez. Mas, da mesma forma, contemplava.

Uma estrada foi descoberta. Por muito tempo, permaneceu como um caminho mítico. Um dia conhecido e percorrido - de onde quem um dia acompanhou essa trajetória pode descrever alguns contos -, mas há gerações tido como inexistente.

De lá se ouvem histórias fantásticas, contudo, a seguir a essência da palavra que as descrevem, não verdadeiramente reais. Sob lembranças e esquecimentos, mundos mudaram e pessoas passaram. Hoje, por quem inolvidavelmente narra breves prosas, é uma estrada abandonada. Grandes plantas cercando-a, pedras esverdiadas do limo que deu tom às margens da terra que não mais guarda pegadas.

Alguém, no entanto, com um olhar diferentemente atencioso, acreditou haver essa estrada e decidiu desbravá-la. O portão estava fechado, com um cadeado intimidante e visivelmente bem trancado. A despeito disso, no entanto, os passos sutis que aproximavam aos meus ouvidos um sorriso puro e uma voz doce chegavam mais perto das grades enferrujadas, reflexo do que era intocado havia estações. A atitude confiante de abrir aquele ferrolho aparentemente imovível a permitiu certificar-se de um caminho que, de acordo com suas próprias convicções, a levaria a um precioso lugar.

Entrou, sentiu uma agradável brisa e parou, sentindo-a. Era o mesmo vento que levava seu cheiro e carregava a melodiosa cantiga dos pássaros, afoitos com sua chegada, a um coração, calado, mas cativado por cada pegada deixada em suas terras outrora selvagens.

terça-feira, 19 de julho de 2011

O poder das mulheres

Se as mulheres descubrissem o poder que tem, descobririam que nunca mais precisariam falar alto.

É incrível como passagens da Bíblia tais quais: "Vós, mulheres, estai sujeitas a vossos próprios maridos, como convém no Senhor" (Cl 3:18); "Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor" (Ef 5:22) mexem profundamente na feminilidade das até então serenas donzelas.

Antes de tudo, calma, moças! Não tenho a intenção machista de defender uma opinião a nosso favor. Ao contrário, trata-se de uma abordagem, que, a tirar de mim, causará uma invejinha santa nos homens que lerem. Mas que isso faz remexer na cadeira a mais quieta das mulheres, ah, isso faz!

Enfim! É clara a vontade bíblica - portanto de Deus - a respeito da submissão das esposas em relação a seus maridos. No entanto, muitos confundem o conceito de submissão, que é amplo e algumas vezes profundamente subjetivo, especialmente por envolver círculos de intimidade dos quais só o próprio casal pode falar, com propriedade, a respeito.

O que não é, posso afirmar sem receios, é tirania, imposição. Nunca foi. Mas muitas mentes , mesmo cosmopolitas, ainda guardam esse tabu consigo mesmas. Na verdade, diria que a submissão está profundamente ligada à admiração, partindo do pressuposto de que, se a mulher admira seu homem, ela se submeterá ao que ele disser, confiante, amavelmente.

Logo, o homem tem um papel imprescindível na submissão, e não apenas impô-la. "Vós, maridos, amai a vossas mulheres, e não vos irriteis contra elas", continua a dizer a passagem de Colossenses.

A segunda parte do versículo me causa a sensação da necessidade de o homem conhecer a mulher, como sexo oposto de maneira geral, e vice-versa. Sob a ótica masculina, é entender que a mulher é sensível, tem TPMs mais de uma vez por mês (brincadeira, nobres donzelas), "tem a tendência de problematizar algo simples" (isso foi uma mulher, nos seus 30, que disse).

Quando o homem compreender isso e, no momento de crise, ao invés de "mandar calar" a voz altiva - e tem direito disso -, tentar desarmá-la, não se deixando tomar pela irritação (como diz a Palavra), as coisas fluirão muito graciosamente; e será mais fácil para a mulher submeter-se ao conselho e à palavra do prudente homem que está ao seu lado. É difícil, eu sei, mas é aperfeiçoável quando se tem o ideal.

O casal decide junto, mas o homem representa. O homem tem o poder de decisão, apesar de o 'homem de Deus', que tem uma 'mulher de Deus', saber ouvir a melhor opção, ou mesmo exortação, da esposa, que deve ser de forma a sempre respeitar a autoridade do marido. O casal conversa, arrazoa, pensa juntos. É assim uma relação ideal, não de tirania, como muitos ainda insistem em mitificar.

A mulher, por outro lado, deve entender a autoridade dada por Deus ao homem, que é natural, está na essência. Mesmo ao se observar o comportamento de um casal sem os princípios de Deus, é impulsiva a reação machista do homem quando tem sua autoridade quebrada. É compreensível como os homens zombam do amigo 'mandado', quando isso não acontece com as mulheres, pelo menos não com essa intensidade. Justamente pelo valor que a autoridade masculina tem. A possevidade exacerbada do homem pela sua mulher. Ou mesmo a imensa ofensa de quando um homem apanha na face, que é símbolo de autoridade: "Nem minha mãe me bate na cara, quanto mais alguém da rua" ou "Nunca apanhei na cara". Ainda demonstrações da natureza masculina sobre o valor da autoridade. Independente de qualquer fé, esses comportamentos são presentes, porque estão na essência masculina, e a mulher precisa entender isso. Um homem que é ferido em sua autoridade é capaz de reações intensas.

Da mesma forma que a mulher precisa ser amada - e o homem deve entender isso - o homem precisa ser respeitado - e a mulher precisa entender isso. Se um ou outro não compreender esse ponto, e desobservar esse caráter, irá contra a essência de quem está ao seu lado, ao mesmo tempo que perderá a sua.

Se um homem, cujo papel é de decidir, liderar, pastorear, e/ou a mulher, cujo papel é de ser administradora, submissa, não cumprirem aquilo que a Bíblia determina, perderão a completude do que são. Enquanto a mulher quer mandar, exercendo o papel de homem, e o homem se deixa mandar, exercendo o papel de mulher, eles nunca serão plenamente felizes, pois não ocupam completamente os seus devidos lugares, a essência que Deus estabeleceu para eles.

Mas a mulher tem um poder especial que ainda não descobriu.

A Palavra de Deus reza o seguinte: “Todavia, aos casados mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher”. Estabelece, portanto, que a mulher, ao se separar, não pode se casar novamente. Regra que, por dedução, não se aplica ao homem. Isso é injusto?

Reflitamos sobre a peleja à luz da parábola dos talentos, na qual Jesus condenou o que não multiplicou seu talento. Em outras palavras, aquele que não exerceu seu dom, sua habilidade dada por Deus.

A Bíblia afirma que "toda mulher sábia edifica a sua casa" (Pv 14:1, primeira parte). É perfeitamente claro que esse papel não é do homem, ou do casal, mas da mulher, porque esse poder foi dado a ela. O poder de conquista é da mulher. O poder de convencimento é dado a ela. A mulher, com sua doçura, meiguice, ou mesmo com sua sensualidade, sagacidade, é capaz de ter o homem aos seus pés, quando usa habilmente aquilo que é intrínseco a sua natureza. O homem muitas vezes se torna cego diante desse poder de conquista. Por isso se diz que "uma mulher pode levar um homem a grandes vitórias, mas também a grandes ruínas".

Exatamente por esse motivo é que é dela o poder/dever de edificar sua casa, seu relacionamento. Logo, se enterra seu dom, primordial, buscando alternativas muitas vezes masculinas, deixa de ser sábia, - entendamos, outrossim, sabedoria como observância às instruções do Senhor - e se torna tola, e sua casa "a derruba com as próprias mãos" (Pv 14:1, segunda parte), sendo punida da maneira mostrada.

A mulher, com sua doçura, e não com sua "gostosura" (com o perdão da palavra), com meiguice, e não com arrogância e altivez, tem um poder sobrenatural de edificar, de conquistar, de gerar em seu companheiro um grande homem. Homens - atentem a isso, moças - se atraem muito mais pela doçura e cuidado recebido do que por um corpo escultural, cabelos maravilhosos e 3kg de maquiagem. Por essas eles tem uma atração sexual, instintiva, mas às primeiras eles dão seu coração sem reservas. E amarão sem reservas.

Se as mulheres descobrissem o poder que tem...


terça-feira, 12 de julho de 2011

Onde está seu príncipe encantado?

A lua ganha um brilho especial, não maior, claro, que o da doce amada; as estrelas tornam-se meras figurantes, enquanto o mar intimida-se ao refletir uma beleza tão grandiosa. E assim se segue a poesia do nosso coração: majestosa e interminável...

[ANTES DE TUDO, PEÇO QUE RELEVEM QUALQUER AUSÊNCIA DE POESIA E FRASES FORMALMENTE ESCRITAS, COM OBSERVÂNCIA A TODAS AS REGRAS QUE A ARTE ME AJUDOU A LEMBRAR ATÉ AGORA. MINHA INTENÇÃO É MESMO SER BEM COLOQUIAL]

Essa poesia, no entanto, tem me preocupado. Sou romântico, sim! Assumido! Escrevo, sonho, idealizo, me sinto nas nuvens e sorrio despretenciosamente quanto encontro uma cativante doçura. Isso tudo é muito bom; eu até qualificaria como combustível de uma relação genuína.

Ao contrário disso, porém, os sentimentos e o romantismo tem sido uma pedra de tropeço para muitos relacionamentos e muitas vidas. Tão-somente em virtude do desequilíbrio. A imaturidade - acões impulsivas e, claro, desmedidas - gerada pela falta de foco e propósito levam pessoas a se perderem em si mesmas por sentimentos muitas vezes até iniciados de maneira saudável, mas descarrilhados por se tornarem base - uma base sempre insustentável.

"Sentimentos não sustentam relacionamentos", pois são instáveis, traiçoeiros, enganosos, como descreve a Bíblia. Quem é guiado por sentimentos não pode viver de outra maneira, senão em picos frequentes de altos e baixos. Inconstância. Sofrimento. Solidão. Esse falso pilar desmorona certamente com o tempo, quando é provado pelas circunstâncias. Quando as grandes ondas da novidade da paixão se esvairem, o que vai permanecer são princípios, propósitos, razões. Se elas não existem, todo esse tempo foi vivido em vão. Apenas serviu para causar mais marcas e feridas por vezes difíceis de serem curadas.

A Bíblia fala de 'jugo desigual' e quase sempre associamos a expressão a um relacionamento com uma pessoa que comunga uma fé diferente. Em palavras mais usuais, "de fora da igreja". Em linhas gerais, começa aí a união de propósitos. Ir para a igreja sem paixão por Jesus ou por um propósito em Deus é chato, entediante, perda de tempo e não provoca nada. Ir por alguém é como criar uma árvore sem raízes e assim que a estação das flores acabar e se iniciar o verão, a estação seca - quando acontece o verdadeiro conhecimento mútuo -, a árvore não suporta e morre.

Algumas pessoas, no entanto, alegam um propósito evangelístico. Aí há duas possibilidades, descartando uma terceira, que é figurar uma falsa conversão apenas para agradar e conseguir ter um relacionamento com o "crente", o que é deveras comum.

A primeira possibilidade trata-se de quando a pessoa que está sendo evangelizada, carente e ferida do mundo, encontra no "discipulador" uma base de vida - o que é natural numa relação de discipulado saudável. Todavia, quando se trata de sexos diferentes, quase sempre, em virtude dessa carência e dependência espiritual, há confusão de sentimentos, mudança de foco de Jesus para o amado (a) e consequentemente a construção da casa sobre a areia. Diante de qualquer frustação ou outras chuvas, esta casa é arruinada.

A segunda, considerando uma conversão sincera, não pode ser tratada como requisito para o início (ou continuação, se infelizmente já estiver estabelecida) de uma relação. Os motivos, por inaugurarem outra discussão, seguem adiante.

Jugo desigual vai além de uma relação entre "crente e descrente". Se não houver propósitos de vida similares, o mesmo nível espiritual e ministerial, há jugo desigual e prejuízo. É como uma reação térmica a equilíbrar-se. O corpo mais quente perde calor para que o mais frio esquente até ambos atingirem a mesma temperatura. De outra forma, é como se um, o mais maduro, precisasse parar no tempo para que o outro o alcançasse.

E assim pensam muitos: "se é crente, tá valendo". Contudo, serem ambos crentes e viverem o mesmo tempo espiritual e exercerem ministérios semelhantes não é da mesma forma suficiente. Se não existir um nível equiparado social, intelectual, profissional (relativizável), uma beleza que agrade e, principalmente, defeitos suportáveis, ter-se-á um casamento de dois desconhecidos e o princípio da cumplicidade e amizade, de suma importância, será profundamente abalado. É importante lembrar que um casamento une dois mundos, duas vidas, dois propósitos até a morte. Uma vida a dois não é somente de oração e evangelismos ou com o fim de evitar a incontinência. Haverá, na maior parte desse tempo, algo a mais.

Por outro lado, há pessoas caminhando cegamente para o outro extremo, em busca do par perfeito. Pessoas imperfeitas, longe de atingirem um ideal (e assim serão até a morte, quando, então, alcancarão a estatura do varão perfeito), mas em busca do ungido(a) perfeito. Comprometido(a) com Deus, maduro(a), inteligente, bonito(a), rico(a), de carro, que ofereça casa, comida e roupa lavada. Completo!

Ao pensarem assim - ao esperarem assim - perdem o melhor de qualquer relacionamento: construir junto. São tão inseguras que não tem visão para projetar e ousadia para executar um grandioso, abençoado e próspero futuro ao lado da pessoa amada. Querem tudo pronto e perderão a oportunidade de contar a mágica história que puderam construir com suor, luta, mas impagável regozijo. Isso se conseguirem o que esperam, pois muitas(os) esperam o príncipe(esa) encantado(a), mas acabam, pelo desespero, se casando com o cavalo, já que perderam aquela preciosa oportunidade. Ah, então continuem a usar o pretexto de que "Deus ainda não enviou".

O que vai garantir o sucesso, a prosperidade e o "eterno" amor de um relacionamento é a obediência aos princípios de Deus, dentro do relacionamento e pessoalmente, pois é isso que moldará o caráter do casal - e do solteiro previamente - para uma vida a dois.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Deus é mesmo real?

Quem nunca se perguntou isso? Hora ou outra deparamo-nos sem soluções, indignados e quase nunca pensamos que nós mesmos somos causa do que semeamos, mas Deus. Culpamos a Deus. Algumas vezes indignados com Ele, outras sem fé, apesar do clamor interior que impulsiona uma renovada esperança. Fato é que temos a tendência de atribuir a Deus - ou a sua "ausência" - aquilo que nos faz sucumbir lentamente - apesar de realmente nunca chegarmos onde nosso pessimismo nos leva virtualmente.

Admitir isso não nos faz menores. Afinal, somos vis de qualquer maneira mesmo... Ao contrário, é por vezes essencial questionarmos isso, porquanto precisamos de um Deus pessoal, não de um Criador genérico, um Ser Superior em que cremos existir, mas não em nossas vidas. Se Ele não existir em nossas vidas, não é real para nós. Apenas ouvimos falar... É necessário que tenhamos individualmente uma experiência com Deus de revelação, de intervenção, para que, então, creiamos e confiemos. Precisamos, sim, de uma experiência com Deus. E Ele se encarrega disso.

Eu vinha em busca de um sonho na América e precisei, claro, de 10 horas de uma aflita espera dentro de um "claustrofóbico" avião. Descrevo assim porque é o maior antídoto contra nossa ansiedade: desejamos dormir, mas geralmente (eu, pelo menos) não conseguimos, devido às cadeiras muito apertadas, o vizinho espaçoso, etc. Pensamos em nos distrair, mas não temos muitas opções, especialmente para quem está na classe econômica. Lá, ou enjoamos de ouvir todas as músicas do iPod ou grudamos os olhos no mapa virtual que mostra os dados da viagem. Nesse último caso é como ver as gotas do soro cair e escorrer para a veia, uma a uma lentamente, até acabar.

Olhava para a primeira classe (eu estava a duas poltronas da divisória, logo poderia notar a grande diferença) e me imaginava lá. Fiz planos racionais até perceber que minha realidade naquele lugar não passava da imaginação. Então, arguí a fé, lembrando-me de um episódio em que um pastor, ao ser questionado dentro do avião em que viajava quem era e ter respondido "sou um ministro" (de Deus), foi mudado para o lugar de honra que merecia, na primeira classe. Sempre conta o testemunho do qual naquele momento me lembrei. Eu sou o filho do dono de tudo - pensei eu antes de esquecer o devaneio.

Sentei ao lado de um americano e isso me alegrou muito. A viagem passaria rápida, pois eu planejava conversar bastante com ele, e ele já havia dado sinais de que poderia ser assim. Um senhor de meia idade, com algumas tatuagens visíveis no braço e aparentemente gentil. Parecia meio cansado e, por isso, tentei servi-lo como pude: fiz questão de prestar-lhe favores e retribuirqualquer gentileza. Eu estava satisfeito.

Ouvia música e orava um pouco. Sintia-me bem espiritualmente. Na verdade, sentia-me coberto pela graça de Deus ainda mesmo no Brasil. Sentir essa presença, ter paz interior com Deus é magnífico e eu cultivava o que não queria perder. O favor de Deus estava sobre mim e eu cria nisso. Os meus medos antes da viagem deram lugar à confiança no Senhor e eu estava leve.

Tentei dormir, mas realmente não consegui. Cochilei um pouco, mas aquele senhor americano estava prestes a tomar o meu assento também. Foi árduo, mas continuei gentil. A certa altura, tivemos um diálogo mais longo, com uma apresentação melhor. Já sabíamos onde cada um morava, o que fazia, por que viajávamos para os Estados Unidos e como funcionava o avião. Esses momentos eram interrompidos apenas quando aquele desgastado senhor precisava tomar sua medicação e, depois de alguns minutos, pedir água.

Tudo ótimo até o tal homem começar a demonstrar certas estranhezas. Começou tentando me aliciar (acredite!). Primeiramente, com sutilezas. Percebi e resolvi ignorar, apenas me afastando. Em seguida, com um gesto mais ostensivo. Eu o fitei sério e perguntei o que estava acontecendo. Com uma cara de deboche, ele me calou. A partir de então, tornei-me ríspido. A loucura mudou os sinais; agora, ele falava sem sentido. Abriu a janela e mostrou que o avião estava "parado"; disse que não saíamos do lugar; depois tentava criar uma teoria de que nós deveríamos estar sentindo frio e não calor... Eu morria de frio. Questionava a mim o que estava acontecendo. Eu, indignado, retrucava dizendo que ele deveria perguntar a algum comissário. Não ia mesmo dar vazão a doido (com o perdão da palavra).

Nesse momento, comecei a perder a tranquilidade. Mil coisas passaram pela cabeça. E senti medo, raiva, frustração, revolta... Comecei a orar e a repreender em mente aquele espírito maligno. Ao ver que o distúrbio continuava, orava cobrando de Deus o fato de eu ser seu filho e que Ele não deveria permitir que aquilo me acontecesse. A imagem de que me lembrava era a dos sodomitas tentando assediar os anjos do Senhor.

Resignado, levantei-me e fui falar com uma aeromoça para ser mudado de lugar, ao que ela respondeu que não era possível porque o avião estava lotado. Voltei e encontrei a mesma inquietação do homem; um profundo desequiíbrio. Ele a todo momento queria levantar-se, mexer em tudo, até no que era meu (disponibilizado pela companhia aérea). Novamente, levantei-me e procurei outra aeromoça, a qual deu a mesma resposta.

Eu já estava intolerante e revoltado. Não quis de maneira alguma voltar a sentar lá. Destarte, fiquei de pé junto aos banheiros localizados perto das asas do avião, onde foi montada uma espécie de cozinha (os passageiros tinham acesso para pegar água e os comissários guardavam alguns itens em armários embutidos).

Ainda faltavam três horas para a aterrissagem e eu estava disposto a ficar lá, em pé, por todo esse tempo. Resolvi adorar a Deus. Queria ser-lhe grato por tudo, apesar de quaisquer tribulações ou literamente turbulências. Foi quando questionei se Deus era real, pois sentia-me sozinho. A minha esperança, gerada pelo Espírito Consoloador, clamava dentro de mim para que eu cresse. Então, lembrei-me de um Salmo Davídico que fala que Deus pode nos encontrar na maior das alturas e no mais profundo da terra. Deus está aqui comigo - pensei -, a dez mil metros do chão, onde eu poderia ter segurança. Tudo o que acontecia, no entanto, levava-me a descrer nessa verdade. Nada acontecia e eu me sentia realmente abandonado.

No entanto, pouco tempo depois dessas orações misturadas com pensamentos, a última aeromoça com quem falei veio até mim e, preocupada, perguntou-me o que havia ocorrido. Depois de ouvir tudo, saiu, dizendo que ia conversar com o mencionado homem. A despeito de eu ter insistido para que não, ela foi e, algum tempo depois, voltou segura de que o homem era realmente louco. Disse que tinha um outro lugar para mim. Eu a segui.

Contra todos os meus pensamentos, fui levado à primeira classe, onde os requintes e caprichos eram maiores do que os que eu havia visto e outros tantos que havia imaginado. Ela me trouxe lençol, perguntou se eu desejava algo mais e me tratou com bastante distinção. Sentia-me muito acolhido e aliviado, quando ouvi uma voz no coração dizer: Eu te vejo e cuido de ti.

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Alinhar à esquerda Alinhar ao centro Alinhar à direita ... Lembrei-me do meu pensamento prematuro sobre a única possibilidade de eu ir para a primeira classe. Deus é real.

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Ao final, a trinta minutos da aterrissagem, o homem invadiu a primeira classe em direção à cabine do comandante, falou algumas bobagens em alto tom para dois passageiros, que estavam sentados mais à frente (não me viu, nem sei se me procurava), e dirigiu-se à cabine. No caminho, ofendeu os comissários e chutou algo no caminho, quando foi agarrado por um comissário. Depois de algum tempo de luta corporal e a porta de um dos banheiros quebrada, cinco passageiros ajudaram o oficial de bordo a conter o alucinado homem, que foi algemado nas mãos e pés e arrastado para onde estava sentado.

Avião parado, portas abertas, sete homens do FBI o arrestaram. Eu prestei depoimento.

Depois disto, o último desafio: passar pela imigração. Por conta do episódio (obrigado, Deus), os agentes estavam tão desconcentrados que apenas me fizeram uma pergunta e antes mesmo que eu respondesse já haviam carimbado meu visto. Os meus medos (para quem falei deles sobre a possibilidade de não conseguir passar pela imigração) foram frustrados. Dei-me conta novamente da providência de Deus quando pisei fora do aeroporto e, ao respirar, expirei um visível vapor pela boca. Sensação impagável. Diverti-me mais um pouco soprando o ar da minha boca, olhei ao redor, senti-me vivo e caminhei em direção aos sonhos.