quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O amor e o tempo

I

O tempo é relativo. Por ser infinito, perde-se em sua relatividade. Em nossos sentidos físicos mais superficiais, contamo-no. Um segundo é apenas um segundo. Matematicamente, entretando, um segundo é ilimitado, a partir da proposição de que há centésimos, milésimos, milionésimos e outros infindáveis zeros acrescentados a um tempo que nos custa um erguer de mãos.

Um pensamento pode roubar-nos o tempo. Alguns deles nos capturam de tal maneira que surpreendem-nos o fato de termos passado tanto tempo ermos onde fisicamente estamos quando para nós mesmos pareceu apenas alguns poucos segundos. E assim definimos como apressado ou lento um tempo que é contado sob uma física precisa. Dentro de nós, ele é completamente relativo.

O amor é algo que nos tira todos os conceitos de tempo. Dá-nos novos. As infinitas horas que teimam em não chegar e a brevidade que furta os nossos mais preciosos momentos perto da pessoa amada podem representar bem essa inversão. Ou mesmo um flash, um olhar de segundos que se tornam eternidade em nossa memória. Um sorriso... Aquele sorriso! Uma imagem tão rápida que precisa ser paralisada ou relembrada em slow motion simplesmente pelo deleite de vê-la ininterruptamente em nossa lembrança, diretamente do nosso arquivo do amor. E aí o que duraria dois segundos ganhou o status de infinito.

Então, quedo-me em um questionamento: É o amor que constrói o tempo ou o tempo que constrói o amor?

Dizem que é preciso tempo para amar alguém. Ouso perscrutar dois conceitos: paixão e amor - pois são diferentes. 

Paixão não manifesta critérios. Simplesmente acontece, teimando contra todas as nossas convicções (Apesar de acreditar que essas mesmas razões são capazes de combater um semtimento inconsequente. Mas, ainda assim, se precisa ser combatida, é porque chegou.) e quebrando algumas barreiras. Ou todas, se assim prmitirmos. A paixão é inconstante, extremista. Por assim ser, visita picos de efemeridade. É sasonal, passageira.

Seria, então, o amor uma paixão amadurecida? Isso seria uma paixão habituada. O desconhecido sentimento de início passa a ser processado, concebido e presente, mas algumas vezes sem um fundamento maior. Amor é uma decisão, baseada em princípios, em convicções. É a decisão de fazer feliz a pessoa amada, de passar todos os dias de vida com aquela pessoa. É saber de porquês. O amor é linear, equilibrado. A decisão de amar molda a paixão, alinhando-a e tornando-a o melhor dos sentimentos a ser desfruado por um casal. O foco da decisão de amar tira o egoísmo da paixão, mas mantém a chama do prazer acesa; garante a constância e a harmonia mesmo nos dias de diferenças emocionais.
Refletir sobre isso me leva à conclusão óbvia de que, se posso decidir amar hoje, o amor não depende do tempo. O tempo pode passar em sua soberania, levar gerações, transformar eras e uma decisão não ter sido tomada. Terá sido em vão. Nada sólido terá sido construído ao longo do... tempo. Sem amor, destarte, o tempo é limitado. É incerto. Por outro lado, se há amor, o "até que a morte os separe" será edificado sobre sólidos alicerces. Todo o tempo, o presente e o vindouro, dependerão do amor e de suas construções.

Não é o amor que depende do tempo; é o tempo que depende do amor. Porque é o amor que constrói o tempo; não o tempo que constrói o amor.

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II 

Um mês. Trinta dias mensuráveis num calendário, no entanto fora de todos os padrões e de toda a lógica numérica quando penso em você, meu amor. O tempo com você parece infinito, incalculável. Basta-me pensar no seu sorriso que me toma e o tempo para. Vê-la sorrir me satisfaz, porque em meu íntimo sinto a reflexiva sensação de realização por fazê-la feliz. O seu carinho, a sua atenção e o seu cuidado extraem de mim a agitação do tempo. Infundem a serenidade. Acalmo-me com sua voz; mas sempre conto as horas para ouvi-la novamente.

Um mês. Tanta intensidade. Vida. O amor tem construído o nosso tempo. Temos a virtude da eternidade. Ela faz parte da essência de Deus e Ele próprio nos aliançou, quando ainda sequer nos conhecíamos. "É como se nossos espíritos já se conhecessem há anos".  Vi em você a escolha dEle para mim - como pude ignorar por tanto tempo o conceito de "alma gêmea? (risos) - e não receei em aceitá-la como minha. Minha mulher. Poderia repetir isso inumeradamente tão-somente pela vaidade de ter você, Juliene Raposo, como minha esposa. Sim, minha esposa. Assim o amor constriuiu o tempo. Você tem toda a beleza que cativa meu coração. Incrivelmente tem posse de todas as chaves que abrem o mais íntimo de mim.

Um mês. Sou muito feliz ao seu lado... E também creio, assim como você, meu amor, que nosso melhores momentos estão por vir. A lógica - a lógica que cala o tempo - não me permite pensar diferente. Submissos àquEle que é dono dos tempos, com quem aprendemos o que é amor e por Quem o temos construído, apenas espero o tempo de sermos um e podermos provar do ilimite do que Deus nos define, para que tenhamos uma noção e certa compreensão, como 'melhor da terra'. 

Amo você... E o tempo reverencia.




terça-feira, 15 de novembro de 2011

Lembranças...

As palavras passeiam diante de meus olhos; algumas capturo. O refulgir de sua essência em minhas mãos a cuidadosamente segurá-las ilumina em minha memória um momento infinito. Interminável pela suave e incessante repetição de cada doce minuto reprisado e pelos sentimentos que me enchem enquanto me permito o deleite de pronunciar o nome dela ao fundo de cada memória. Uma voz sem ecos, pois não há barreiras que a traga de volta. Cada tom que emito a cada suspiro compõe uma canção que meu coração remete a ela. E só seu coração pode ouvir essa melodia.
Deixo ir e voltar ao vôo a palavra que me levou a outra dimensão. Enquanto ainda anestesiado pelo nome que se apropriou graciosamente de todo o meu interior – de todo de mim, em precisão, quando pondero que meu toque, meus beijos e meus olhares também são dela –, outra imagem paira diante de meus olhos. Seu sorriso. Ele me para. Esforço-me para aperfeiçoar cada sentido meu, ainda que por alguns breves segundos, a fim de capturar com todos os detalhes aquele mágico e impagável momento. Por vezes, aposto no ridículo, ou no inocente, com a paga de vê-la sorrir. Tão-somente por isso. Porque seu sorriso me realiza; porque amo certificar seu coração preenchido, mesmo com tantos limites meus.
Limites. Busco em mim mesmo uma superação. De fato, o vôo que ela me leva a voar faz-me sentir sem limites, mas os percebo novamente quando repito, na expectativa de que vai ser inédito, o que todo o meu interior em coro não se cansa de cantarolar. A despeito disso, cada vez que deixo fluir pela minha boca o precioso corolário dos meus sentimentos, o Eu te amo, amor, apesar de que com os mesmos fonemas, tem um valor renovado em sua inspiração para dizer. É como se falasse em um idioma diferente, com uma força diferente. Descobri, assim, um novo ofício em mim, o de neologista, pois nunca dantes tinha me apercebido que um número milhar é tão escasso para manifestar a precisão e a intensidade do quanto eu a amo. Preciso de novas palavras, de novas línguas.
De volta ao ambiente em que estou, dou-me conta de que a atmosfera sorri ternamente ao me trazer cada lembrança, enquanto o vento diligentemente se encarrega de trazer o cheiro dela; as marcas na terra até o banco onde me assentei lembram-me que há um abraço que me envolve, sereno e amável, enquanto sonho acordado com a dona desse doce abraço que me tomou completamente para si. Para o sempre.