terça-feira, 15 de novembro de 2011

Lembranças...

As palavras passeiam diante de meus olhos; algumas capturo. O refulgir de sua essência em minhas mãos a cuidadosamente segurá-las ilumina em minha memória um momento infinito. Interminável pela suave e incessante repetição de cada doce minuto reprisado e pelos sentimentos que me enchem enquanto me permito o deleite de pronunciar o nome dela ao fundo de cada memória. Uma voz sem ecos, pois não há barreiras que a traga de volta. Cada tom que emito a cada suspiro compõe uma canção que meu coração remete a ela. E só seu coração pode ouvir essa melodia.
Deixo ir e voltar ao vôo a palavra que me levou a outra dimensão. Enquanto ainda anestesiado pelo nome que se apropriou graciosamente de todo o meu interior – de todo de mim, em precisão, quando pondero que meu toque, meus beijos e meus olhares também são dela –, outra imagem paira diante de meus olhos. Seu sorriso. Ele me para. Esforço-me para aperfeiçoar cada sentido meu, ainda que por alguns breves segundos, a fim de capturar com todos os detalhes aquele mágico e impagável momento. Por vezes, aposto no ridículo, ou no inocente, com a paga de vê-la sorrir. Tão-somente por isso. Porque seu sorriso me realiza; porque amo certificar seu coração preenchido, mesmo com tantos limites meus.
Limites. Busco em mim mesmo uma superação. De fato, o vôo que ela me leva a voar faz-me sentir sem limites, mas os percebo novamente quando repito, na expectativa de que vai ser inédito, o que todo o meu interior em coro não se cansa de cantarolar. A despeito disso, cada vez que deixo fluir pela minha boca o precioso corolário dos meus sentimentos, o Eu te amo, amor, apesar de que com os mesmos fonemas, tem um valor renovado em sua inspiração para dizer. É como se falasse em um idioma diferente, com uma força diferente. Descobri, assim, um novo ofício em mim, o de neologista, pois nunca dantes tinha me apercebido que um número milhar é tão escasso para manifestar a precisão e a intensidade do quanto eu a amo. Preciso de novas palavras, de novas línguas.
De volta ao ambiente em que estou, dou-me conta de que a atmosfera sorri ternamente ao me trazer cada lembrança, enquanto o vento diligentemente se encarrega de trazer o cheiro dela; as marcas na terra até o banco onde me assentei lembram-me que há um abraço que me envolve, sereno e amável, enquanto sonho acordado com a dona desse doce abraço que me tomou completamente para si. Para o sempre.