terça-feira, 12 de julho de 2011

Onde está seu príncipe encantado?

A lua ganha um brilho especial, não maior, claro, que o da doce amada; as estrelas tornam-se meras figurantes, enquanto o mar intimida-se ao refletir uma beleza tão grandiosa. E assim se segue a poesia do nosso coração: majestosa e interminável...

[ANTES DE TUDO, PEÇO QUE RELEVEM QUALQUER AUSÊNCIA DE POESIA E FRASES FORMALMENTE ESCRITAS, COM OBSERVÂNCIA A TODAS AS REGRAS QUE A ARTE ME AJUDOU A LEMBRAR ATÉ AGORA. MINHA INTENÇÃO É MESMO SER BEM COLOQUIAL]

Essa poesia, no entanto, tem me preocupado. Sou romântico, sim! Assumido! Escrevo, sonho, idealizo, me sinto nas nuvens e sorrio despretenciosamente quanto encontro uma cativante doçura. Isso tudo é muito bom; eu até qualificaria como combustível de uma relação genuína.

Ao contrário disso, porém, os sentimentos e o romantismo tem sido uma pedra de tropeço para muitos relacionamentos e muitas vidas. Tão-somente em virtude do desequilíbrio. A imaturidade - acões impulsivas e, claro, desmedidas - gerada pela falta de foco e propósito levam pessoas a se perderem em si mesmas por sentimentos muitas vezes até iniciados de maneira saudável, mas descarrilhados por se tornarem base - uma base sempre insustentável.

"Sentimentos não sustentam relacionamentos", pois são instáveis, traiçoeiros, enganosos, como descreve a Bíblia. Quem é guiado por sentimentos não pode viver de outra maneira, senão em picos frequentes de altos e baixos. Inconstância. Sofrimento. Solidão. Esse falso pilar desmorona certamente com o tempo, quando é provado pelas circunstâncias. Quando as grandes ondas da novidade da paixão se esvairem, o que vai permanecer são princípios, propósitos, razões. Se elas não existem, todo esse tempo foi vivido em vão. Apenas serviu para causar mais marcas e feridas por vezes difíceis de serem curadas.

A Bíblia fala de 'jugo desigual' e quase sempre associamos a expressão a um relacionamento com uma pessoa que comunga uma fé diferente. Em palavras mais usuais, "de fora da igreja". Em linhas gerais, começa aí a união de propósitos. Ir para a igreja sem paixão por Jesus ou por um propósito em Deus é chato, entediante, perda de tempo e não provoca nada. Ir por alguém é como criar uma árvore sem raízes e assim que a estação das flores acabar e se iniciar o verão, a estação seca - quando acontece o verdadeiro conhecimento mútuo -, a árvore não suporta e morre.

Algumas pessoas, no entanto, alegam um propósito evangelístico. Aí há duas possibilidades, descartando uma terceira, que é figurar uma falsa conversão apenas para agradar e conseguir ter um relacionamento com o "crente", o que é deveras comum.

A primeira possibilidade trata-se de quando a pessoa que está sendo evangelizada, carente e ferida do mundo, encontra no "discipulador" uma base de vida - o que é natural numa relação de discipulado saudável. Todavia, quando se trata de sexos diferentes, quase sempre, em virtude dessa carência e dependência espiritual, há confusão de sentimentos, mudança de foco de Jesus para o amado (a) e consequentemente a construção da casa sobre a areia. Diante de qualquer frustação ou outras chuvas, esta casa é arruinada.

A segunda, considerando uma conversão sincera, não pode ser tratada como requisito para o início (ou continuação, se infelizmente já estiver estabelecida) de uma relação. Os motivos, por inaugurarem outra discussão, seguem adiante.

Jugo desigual vai além de uma relação entre "crente e descrente". Se não houver propósitos de vida similares, o mesmo nível espiritual e ministerial, há jugo desigual e prejuízo. É como uma reação térmica a equilíbrar-se. O corpo mais quente perde calor para que o mais frio esquente até ambos atingirem a mesma temperatura. De outra forma, é como se um, o mais maduro, precisasse parar no tempo para que o outro o alcançasse.

E assim pensam muitos: "se é crente, tá valendo". Contudo, serem ambos crentes e viverem o mesmo tempo espiritual e exercerem ministérios semelhantes não é da mesma forma suficiente. Se não existir um nível equiparado social, intelectual, profissional (relativizável), uma beleza que agrade e, principalmente, defeitos suportáveis, ter-se-á um casamento de dois desconhecidos e o princípio da cumplicidade e amizade, de suma importância, será profundamente abalado. É importante lembrar que um casamento une dois mundos, duas vidas, dois propósitos até a morte. Uma vida a dois não é somente de oração e evangelismos ou com o fim de evitar a incontinência. Haverá, na maior parte desse tempo, algo a mais.

Por outro lado, há pessoas caminhando cegamente para o outro extremo, em busca do par perfeito. Pessoas imperfeitas, longe de atingirem um ideal (e assim serão até a morte, quando, então, alcancarão a estatura do varão perfeito), mas em busca do ungido(a) perfeito. Comprometido(a) com Deus, maduro(a), inteligente, bonito(a), rico(a), de carro, que ofereça casa, comida e roupa lavada. Completo!

Ao pensarem assim - ao esperarem assim - perdem o melhor de qualquer relacionamento: construir junto. São tão inseguras que não tem visão para projetar e ousadia para executar um grandioso, abençoado e próspero futuro ao lado da pessoa amada. Querem tudo pronto e perderão a oportunidade de contar a mágica história que puderam construir com suor, luta, mas impagável regozijo. Isso se conseguirem o que esperam, pois muitas(os) esperam o príncipe(esa) encantado(a), mas acabam, pelo desespero, se casando com o cavalo, já que perderam aquela preciosa oportunidade. Ah, então continuem a usar o pretexto de que "Deus ainda não enviou".

O que vai garantir o sucesso, a prosperidade e o "eterno" amor de um relacionamento é a obediência aos princípios de Deus, dentro do relacionamento e pessoalmente, pois é isso que moldará o caráter do casal - e do solteiro previamente - para uma vida a dois.